quinta-feira, 29 de maio de 2008

1968: O ano em que tudo começou


Zuenir Ventura é o autor de um dos livros que melhor mostram a história do ano em que tudo começou. "1968 - o ano que não terminou" traz os fatos e os personagens mais expressivos daquele ano. O livro começa contado como foi o lendário " Réveillon da casa da Helô", onde os jovens já mostravam uma certa intimidade e liberdade com as drogas e com a sexualidade. Segundo o dono da casa onde aconteceu a festa, Luís Buarque de Hollanda, "réveillon como aquele, só uma vez na vida".

Zuenir conta a história pelo olhar de uma pessoa que participou e observou de perto todos os acontecimentos inclusive a morte de Édson Luís, " o mártir da geração". Ele foi assassinado pelos PMs enquanto jantava com seus companheiros no restaurante mais frequentado pelos estudantes naquela época, o Calabouço.

Talvez não muito imparcial, mas muito verdadeiro, o autor nos conta os principais fatos daquele ano. A nova MPB, com guitarras elétricas de Gil e Caetano, mais conhecida como Tropicália. Na política, a proibição de manifestações, comícios e passeatas. A falta de autoridade do governo, a morte do estudante Édson Luís, " a sexta-feira sangrenta" e a passeatas dos 100 mil.

A morte do estudante foi para o autor o estopim para o início das grandes manifestações. A morte de Édson Luís causou grande comoção popular. Na missa de sétima dia, na igreja da Candelária , todos que assistiam a ela foram supreendidos por uma cavalaria que os empurravam em direção às portas da igreja, que estavam fechadas.

Zuenir conta também pelo que aquela geração lutou: a favor do feminismo, dos anti-concepcionais e da homossexualidade. " Era uma geração que queria virar o mundo do avesso". Geração essa que faziam parte, intelectuais, atores, padres, políticos e estudantes.

Na passeata dos 100 mil, Hélio Pellegrino disse algumas frases que representam bem aquela geração: "Os estudantes não são baderneiros. Os estudantes representam hoje a vanguarda mais limpa e mais corajosa da luta do povo brasileiro contra a opressão do Estado".

Não fica dúvida de que para entender a história do ano de 1968 e do nosso país, ler o livro de Zuenir Ventura é indispensável. Da sua maneira ele conseguiu nos mostrar a história sobre o olhar de quem presenciou e participou ativamente daquele ano.

Dilemas: O jornalista deve publicar uma reportagem mesmo sabendo que ela pode prejudicar as pessoas?

O que é difícil no jornalismo, onde os profissionais dependem dos acontecimentos e das informações que lhe são passadas para obter uma boa matéria, é conseguir as informações sem subornar ou mentir sobre sua profissão. Os grandes profissionais da comunicação têm seus contatos e conseguem ser eticamente corretos. Já os novos e de má índole sempre vão precisar de maneiras diferentes para conseguir sua matéria de capa.

Omitir sua profissão, ou mostrar ser apenas mais um civil curioso, não é eticamente incorreto. Suborno é eticamente incorreto. E vai contra as leis do país. Um profissional capaz de subornar uma pessoa não merece estar onde está. Ele tem que ser severamente punido. Há maneiras legais e honestas de fazer uma boa matéria, sem precisar mentir ou subornar alguém.

E se o jornalista sabe qua a sua matéria irá prejudicar algumas pessoas, ele deve publicá-la? Se tiver fontes confiáveis e a certeza de que tudo que irá escrever é verdadeiro, deve publicar. Principalmente se a matéria for trazer um bem para a sociedade.

domingo, 18 de maio de 2008

A paixão em estádio de futebol


Hoje acordei com a ansiedade nas alturas. Vou ver o meu time jogar pela primeira vez. E vai ser logo em casa, no Morumbi. Oitavas-de-final da libertadores. São Paulo (BRA) contra o Nacional (URU). O um a zero nos dava a vitória e a chance de disputar as quartas-de-final.

Fui ao estádio na companhia de amigos acostumados a assistir aos jogos do São Paulo. Chegamos no Morumbi três horas antes do jogo começar e já partimos para a festa. Quando entrei no estádio, senti um arrepio. Um lugar imenso, o gramado lindo, arquibancada toda nas cores do time. Arquibancada que já estava bem cheia. Para mim era tudo novo. Cantar abraçado com gente que eu nunca tinha visto, abraçar na hora do gol, compartilhando da mesma felicidade . Tudo era muito surreal.

Quando o time entra em campo, a torcida começa a se manifestar, incentivando-o. Fogos são estourados, luzes nas cores do time são acesas, gritos ensurdecedores e muita alegria estampada no olhar e nos gestos de todos nós, torcedores apaixonados. Desde o momento que pisei no Morumbi, não parei de ficar emocionada. Arrepios, então, perdi a conta. Estar naquele lugar é como uma terapia. Você esquece os problemas, esquece da aula da faculdade no outro dia de manhã ou da reunião super-importante que terá na empresa às 8 horas. Nada disso era lembrado, enquanto aquela vibração tomava conta de mim.

Ensaiamos o grito de gol várias vezes até ele sair. O Imperador, Adriano, acerta a pontaria lá pelos 35 minutos do primeiro tempo. Uma loucura. Vendo pela televisão, não imaginei que pudesse ser tão intenso. No momento do gol, abracei uma pessoa que nunca tinha visto, cantei, comemorei, assoviei e gritei junto com a torcida. Gritei o nome do jogador que marcou o gol e cantei as músicas de comemoração.

Alguns minutos depois, Rogério Ceni, o goleiro e ídolo da torcida, bate uma falta. Por muito pouco, não acerta a pontaria. Mãos vão à cabeça e gritos de " Uhhhhhhh" tomam conta do estádio. O Nacional não fazia gol e a classificação estava na nossa mão, bastava segurar o resultado. Quando achamos que não haveria mais gol, veio a surpresa. Aos 43 minutos do segundo tempo, Dagoberto marca mais um gol para nós. Nem precisa falar que o Morumbi explodiu. Classificação garantida. Agora é só esperar o próximo jogo contra o fluminese, pelas quartas-de-finale, de novo, estarei no estádio. É o meu novo vício.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O contador de histórias



Shattered Glass é um filme baseado na história do jornalista Stephen Glass, redator da revista mais influente dos Estados Unidos,The New Republic. Stephen era chamado de Steve por seus colegas de trabalho e por seu chefe.

O diretor, Billy Ray, consegue aprensentar muito bem o filme. Primeiro, mostra a importância da revista para a qual Stephen escreve. Depois, apresenta um rapaz jovem e encantador, que tem um bom relacionamento com seus colegas de trabalho e seu editor, Michael Kelly. Mostra também como a imaginação de Stephen funcionava nos locais de suas supostas matérias. O editor é substituído pelo jornalista Chuck Lane e, só após essa troca, as pessoas começam a perceber algo diferente nas ações do jovem repórter.

Nas reuniões de pauta, Stephen contava suas histórias de forma divertida e com muita segurança. Dessa maneira, elas eram facilmente aprovadas. Assim, ele conseguiu autorização para publicar a matéria, "O paraíso dos hackers", sobre a vida de um hacker bem sucedido. Ele jurava que tinha conversado com o hacker e com pessoas que estavam no local. Deu o nome do hotel e do restaurante em que supostamente esteve.

Adam Pennenberg, jornalista de outra revista, tenta entrar em contato com as fontes que Stephen diz ter usado em sua matéria, mas não obtém sucesso. A partir desse momento, Adam e o editor começam a desconfiar da veracidade do artigo. Mais a frente, descobrem que as fontes nunca existiram. Ainda assim, Stephen forja sites, endereços e chega a usar telefones de familiares para que fingissem ser suas fontes. Ele não aguenta a pressão de seu editor e de Adam e confessa nunca ter estado com o hacker. Jurou ter sido enganado por suas fontes.

Mesmo assim, seus colegas de trabalho começam a afrontar Chuck por achar que ele estava "pegando no pé" de Stephen. Tratar mal o editor e defender o colega a qualquer custo apoiando-o diante de suas cenas de lamentações. O estopim acontece quando o editor descobre que um dos telefones que Stephen dizia ser de suas fontes, na verdade, era de seu irmão.

Com desconfiança da matéria ter sido inventada, o editor Chuck Lane suspende Stephen por dois anos. Com o veredito final e a certeza de que Stephen mentia o tempo todo, Chuck o demite.

Stephen foi julgado e hoje escreve livros de ficção. Dos 47 artigos que escreveu, 27 foram inventados. Ele enganou os colegas, leitores e o editor. Mas hoje, trabalha com o que deveria ter trabalhado desde o início de sua carreira: a ficção!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A veracidade das notícias



Orson Welles, um jornalista bem sucedido, inspirou-se no livro de ficção científica ”Guerra dos Mundos”, de H.G Wells, para apresentar seu programa pela rádio CBS. Era dia 30 de outubro de 1938, véspera de Hallowen. Orson teve a idéia de encenar o livro de H.G Wells em seu programa e deixou mais de 1 milhão de pessoas que ouviam a rádio naquele momento em pânico.

O livro trata de uma invasão extraterrestre à Terra. Orson contava a história em sua rádio como notícias que aconteciam ao vivo. Tudo foi muito bem planejado. Ele trazia muita realidade aos fatos, gritos apavorados, barulhos de explosão, carros em estradas. Entrevistava as pessoas como se elas estivessem no local onde tudo acontecia.

Orson Welles, no início do programa, avisou que tudo aquilo não passaria de uma encenação. Quem sintonizava na rádio depois desse aviso, acreditou fielmente em tudo que ele fingia noticiar. Orson entrava com chamadas ao vivo no meio da programação normal, sempre com um fato novo sobre a invasão. Dessa forma, os ouvintes eram induzidos a esquecer que aquilo não passava de uma farsa.

Ele dizia que uma “coisa” tinha caído no terreno de uma fazenda a algumas milhas do centro da cidade. Afirmava que essa “coisa” disparava raios, que já haviam matado 40 pessoas. Nesse momento, 1 milhão de pessoas em New Jersey entravam em pânico, crendo em tudo que era falado. As pessoas saiam as ruas, querendo fugir e sem saber para onde e de algo que elas não sabiam o que era.

Isso continuou acontecendo, no decorrer do programa. Só no final e com a cidade quase toda em pânico, que Orson Welles e sua trupe resolveram contar aos telespectadores que o programa não passava de uma brincadeira.

Essa história foi repetida em 30 de outubro de 1971, durante o aniversário da Rádio Difusora de São Luis. Se as pessoas acreditaram? Sim, novamente parte da população entrou em pânico com as notícias. Devemos ficar muito atentos com tudo que lemos e ouvimos.Podemos estar sendo enganados a qualquer momento.