
Zuenir Ventura é o autor de um dos livros que melhor mostram a história do ano em que tudo começou. "1968 - o ano que não terminou" traz os fatos e os personagens mais expressivos daquele ano. O livro começa contado como foi o lendário " Réveillon da casa da Helô", onde os jovens já mostravam uma certa intimidade e liberdade com as drogas e com a sexualidade. Segundo o dono da casa onde aconteceu a festa, Luís Buarque de Hollanda, "réveillon como aquele, só uma vez na vida".
Zuenir conta a história pelo olhar de uma pessoa que participou e observou de perto todos os acontecimentos inclusive a morte de Édson Luís, " o mártir da geração". Ele foi assassinado pelos PMs enquanto jantava com seus companheiros no restaurante mais frequentado pelos estudantes naquela época, o Calabouço.
Talvez não muito imparcial, mas muito verdadeiro, o autor nos conta os principais fatos daquele ano. A nova MPB, com guitarras elétricas de Gil e Caetano, mais conhecida como Tropicália. Na política, a proibição de manifestações, comícios e passeatas. A falta de autoridade do governo, a morte do estudante Édson Luís, " a sexta-feira sangrenta" e a passeatas dos 100 mil.
A morte do estudante foi para o autor o estopim para o início das grandes manifestações. A morte de Édson Luís causou grande comoção popular. Na missa de sétima dia, na igreja da Candelária , todos que assistiam a ela foram supreendidos por uma cavalaria que os empurravam em direção às portas da igreja, que estavam fechadas.
Zuenir conta também pelo que aquela geração lutou: a favor do feminismo, dos anti-concepcionais e da homossexualidade. " Era uma geração que queria virar o mundo do avesso". Geração essa que faziam parte, intelectuais, atores, padres, políticos e estudantes.
Na passeata dos 100 mil, Hélio Pellegrino disse algumas frases que representam bem aquela geração: "Os estudantes não são baderneiros. Os estudantes representam hoje a vanguarda mais limpa e mais corajosa da luta do povo brasileiro contra a opressão do Estado".
Não fica dúvida de que para entender a história do ano de 1968 e do nosso país, ler o livro de Zuenir Ventura é indispensável. Da sua maneira ele conseguiu nos mostrar a história sobre o olhar de quem presenciou e participou ativamente daquele ano.